“Ver muitas pessoas transformarem minha iniciativa de reaproveitar um lixo, que é a bituca do cigarro, em arte, é a realização de um sonho. É indescritível a sensação de verificar que uma ideia nossa tão distante em 2010, se materializa desta forma.” A afirmação é do empresário, Marcos Robles Poiato, diretor da Poiato Recicla, do município de Votorantim, do estado de São Paulo, ao falar do projeto iniciado por ele, que é a reciclagem de bitucas de cigarro.
Depois de processadas, as bitucas se transformam em massa de celulose que é doada para entidades que as transformam em arte, como flores e capas de agendas e para blocos de anotações. Em 2010, Poiato criou a primeira e, até hoje, a única no Brasil, usina de reciclagem de bitucas de cigarro.
O empresário não esconde a emoção ao ver que é possível desenvolver este trabalho e que mais importante do que isso, com todas as parcerias que estão idealizadas nele, se consegue produzir um bem social, além da proteção ambiental que é tão importante para a qualidade de vida futura. “Falamos muito sobre isso, porém, realizar isto é outra coisa que não se consegue explicar”, frisou.
Poiato acrescentou que a questão econômica que está envolvida com o tabaco, pode ir muito mais além disso, envolvendo a educação ambiental, a inclusão social e a obtenção de renda.
A ORIGEM
“Como todo empreendedor, a gente imagina que pode buscar e investir em novos negócios. Sempre trabalhei produzindo para outras empresas e tinha um sonho de criar a minha empresa. Observando estas questões, das bitucas de cigarro, me deparei que elas eram um nicho de mercado ainda em aberto e a ser explorado”, salientou Poiato. Inicialmente, ele pensou que a solução seriam as caixas coletoras, mas depois de aprender com este negócio, vislumbrou outras oportunidades até chegar na questão do bem-estar social.
Atualmente, a Poiato Recicla tem parceria com sete Prefeituras de municípios da região de Campinas, do litoral norte de São Paulo e de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Com isso, estão espalhadas centenas de caixas coletoras nestas cidades, as quais estão afixadas a 1,30 metro de altura, o que facilita aos fumantes descartarem as bitucas. Após recolhidas, elas passam por cinco processos de transformação até se tornarem massa de celulose.
DESTINAÇÃO
Após passarem pela reciclagem, a massa celulósica é doada para entidades assistenciais, sendo uma delas, o Serviço Social Doutor Cândido Ferreira, de Campinas, SP, que desenvolve o Armazém das Oficinas, entre elas, a de artesanato de papel com a participação de pacientes do Caps, que produzem flores e outros materiais. A parceria da Poiato Recicla com esta entidade foi formalizada em março deste ano, e segundo a coordenadora da oficina de artesanato de papel, Kátia Liani Rodrigues, esta oficina já existia e a parceria possibilita inserir a massa de celulose e produzir flores e capas de agendas e de blocos de anotações.
*Repórter viajou para São Paulo a convite da empresa Souza Cruz.
Fonte:
Edemar Etges | https://folhadomate.com/venancio-aires/bitucas-de-cigarro-de-lixo-a-arte-em-flor/